Prisão de ventre na gravidez

Cólicas, dor abdominal, gases, sensação de estufamento e desconforto. Todos estes são alguns dos sintomas indesejáveis da prisão de ventre, que já atinge mais de 20% da população, principalmente o grupo de gestantes, onde a queixa aumenta a cada dia nos consultórios. 1
Aproximadamente 40% das grávidas terão prisão de ventre durante a gestação, principalmente no segundo semestre. 1-3
Por que as grávidas têm mais prisão de ventre?
Existem algumas explicações e causas do aumento da prisão de ventre no período gestacional. São elas:
Fatores hormonais 4
Aqui, o grande motivo é a progesterona, que em altos níveis, causa a inibição da motilina (hormônio conhecido por estimular a musculatura lisa e a motilidade do trato gastrointestinal). Isso significa que o intestino passa a funcionar de forma mais lenta e, com isso, os alimentos demoram mais para serem digeridos, o que contribui com a diminuição do número de evacuações.
Diminuição das atividades físicas 5
É comum diminuir o ritmo e as atividades físicas durante a gravidez. Mas para quem tem histórico de “intestino preso”, é importante estar atenta. A atividade física promove melhora da motilidade gastrointestinal, isto é, mover o corpo ajuda a acelerar o trânsito intestinal e produz um melhor funcionamento do intestino. Por isso, a prática de exercícios durante a gestação é uma boa alternativa na prevenção da prisão de ventre. É importante consultar um profissional de saúde para orientações individualizadas.
Baixo consumo de fibras e água 1,6
A recomendação do consumo de fibras para a população brasileira é de 25 a 30g /dia para adultos saudáveis. Já na gravidez, esta recomendação é aumentada para 28g/dia. Porém, é nesta fase que as mulheres consomem menos fibras. Uma pesquisa realizada no Brasil com 578 gestantes mostrou que 50% delas não consomem a quantidade de fibras recomendadas. Além da falta de fibras na dieta, o baixo consumo de água também contribui para o desenvolvimento da constipação intestinal. Fibras + água formam uma dupla perfeita: à medida que as fibras aumentam o bolo fecal, a água o torna mais macio e volumoso. Por isso, é importante consumir fibras e água nas quantidades recomendadas para prevenir a prisão de ventre.
Será que é prisão de ventre? 2
Primeiramente, é importante saber que prisão de ventre não é uma doença, mas sim um conjunto de sintomas. E, para ter certeza se é ou não prisão de ventre, devemos considerar pelo menos dois dos sintomas:
- Menos de 3 evacuações por semana;
- Esforço para evacuar;
- Fezes duras;
- Sensação de obstrução;
- Sensação de defecação incompleta.
Como aliviar os sintomas da prisão de ventre na gravidez?
Não há como mudar os fatores hormonais da gravidez, mas a gestante pode fazer algumas mudanças para evitar os sintomas da prisão de ventre:
- Pratique atividades físicas com acompanhamento de um profissional de saúde7 – A recomendação é de 2,5 horas/semana de atividade física aeróbica de intensidade moderada, durante a gravidez e após o parto;
- Beba água 8 – Beba uma boa quantidade de água (pelo menos 2L / dia);
- Aumente o consumo de fibras 9-11
As fibras contribuem para:
- Redução do risco de endurecimento das fezes;
- Bom funcionamento do intestino;
- Redução do inchaço e desconforto causados pela constipação.
Confira abaixo uma lista de alimentos ricos em fibras:11
Consumo de fibras solúveis no manejo da prisão de ventre 12
Além dos alimentos, existem suplementos de fibras solúveis que auxiliam na regularização da atividade intestinal. Estudos mostram que a suplementação com fibras solúveis com um mix de fibras com Goma Guar Parcialmente Hidrolisada e Inulina, pode aumentar em até 60% a frequência semanal de evacuação, além de contribuir para a melhora da composição das bactérias do intestino, podendo trazer benefícios para o sistema imunológico da gestante. Nada mal, não é?
As fibras alimentares auxiliam o funcionamento do intestino.
Clique aqui e conheça todos os benefícios das fibras solúveis.
Quer saber o quanto você consome de fibras por dia? Clique aqui
Referências consultadas:
- Derbyshire E, Davies J, Costarelli V et al. Diet, physical inactivity and the prevalence of constipation througout and after pregnancy. Matern Child Nutr. 2006; 2:127-34
- Saffioti RF, Nomura RMY, Dias MCG, Zugaib M. Constipação intestinal e gravidez. FEMINA | Março 2011 | vol 39 | nº 3
- Galvão - Alves J. Constipação Intestinal. J Bras Med 2013; 101:31-37.
- Chiloiro M, Darconza G, Piccioli E, De Carne M, Clemente C, Riezzo G. Gastric emptying and orocecal transit time in pregnancy. J Gastroenterol. 2001;36(8):538-43
- Collete VL; Araújo CLI, Madruga SW. Prevalência e fatores associados à constipação intestinal: um estudo de base populacional em Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. Cad Saúde Pública. 2010;(26):1391-402.
- Buss C, Nunes MA, Camey S, Manzolli P, Soares RM, Drehmer M, et al. Dietary fibre intake of pregnant women attending general practices in southern Brazil - the ECCAGE Study. Public Health Nutr. 2009;12(9):1392-8.
- Evenson KR, Pompeii LA. Obstetrician practice patterns and recommendations for physical activity during pregnancy. J Womens Health (Larchmt). 2010;19(9):1733-40.
- Constipation Guideline Committee of the North American Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology and Nutrition. Evaluation and treatment of constipation in infants and children: recommendations of the North American Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology and Nutrition. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2006;43:e1-13.
- De Honde, Greypens B, Ghoos Y. Effect of high performance chicory inulin on constipation. Nutr Red, 2000; 20:731-736.
- Slavin J. Fiber and Prebiotics: Mechanisms and Health Benefits. Nutrients 2013; 5:1417-1435
- TABELA brasileira de composição de alimentos - TACO. 4ª edição. Campinas: Universidade Estadual de Campinas - Unicamp, Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação - NEPA, 2011.
- Waitzberg DL, Pereira CCA, Logullo L et al. Microbiota benefits after inulin and partially hydrolized guar gum supplementation – a randomized clinical trial in constipated women. Nutr Hosp 2012; 27:123-129.
NHS000468
Gostou das dicas? Descubra outros artigos de FiberMais®. Para acessar, clique aqui